O cenário econômico global está passando por transformações significativas, e entender o papel do Brasil nesse contexto é essencial para investidores e profissionais do mercado financeiro. Em um recente evento na Saint Paul Escola de Negócios, recebemos Philipe Biolchini, CIO da Bradesco Asset Management, para o evento “Cenário Econômico 2024: Uma visão para C-Levels e Conselheiros”, apresentado e moderado por Jorge Louzada, Diretor de Finanças Estratégicas para C-Levels e Conselheiros da Saint Paul. Philipe compartilhou suas perspectivas sobre a macroeconomia no Brasil, abordando temas como a alta de juros, inflação, crescimento econômico e oportunidades de investimento.
Philipe iniciou o evento destacando um dado importante: o Brasil representa apenas cerca de 1-2% do mercado financeiro global. Isso evidencia a importância de considerar o ambiente internacional ao traçar estratégias econômicas e de investimento.
Nos Estados Unidos, o cenário econômico tem mostrado sinais mistos. Há uma expectativa de que os juros comecem a cair, o que é uma notícia positiva para os mercados globais. Contudo, a possibilidade de uma recessão, impulsionada por um mercado de trabalho sem a rede de proteção necessária, ainda causa preocupações. Philipe ressaltou que, apesar desses riscos, os EUA possuem mecanismos robustos para estimular a economia, caso a recessão se concretize.
No Brasil, o ciclo econômico tem sido marcado por uma alta significativa dos juros, uma medida adotada para combater a inflação. Com uma taxa real acima de 6%, essa política monetária contracionista poderia sugerir um enfraquecimento da atividade econômica. No entanto, contrariando expectativas, a economia brasileira tem mostrado uma resiliência surpreendente. A percepção do mercado é que esse dinamismo econômico é impulsionado por gastos fiscais consideráveis por parte do governo.
Philipe argumentou que os fundamentos macroeconômicos do Brasil estão em uma posição mais sólida do que muitos imaginam. O crescimento do PIB é consistente, o desemprego está em níveis baixos e a dívida pública, embora preocupante, está sob controle quando comparada a outras economias emergentes. Contudo, a principal preocupação persiste: a ausência de sinais claros por parte do governo em relação a um ajuste fiscal necessário para garantir a sustentabilidade econômica a longo prazo.
Diante deste cenário, a Bradesco Asset Management (BRAM) está adotando uma abordagem tática e focada no curto prazo. No mercado de renda fixa, a BRAM está concentrando seus investimentos em títulos de curta duração, uma estratégia que visa proteger o portfólio de uma possível reprecificação, que poderia ocorrer se as condições econômicas mudarem abruptamente.
No setor de crédito privado, há uma forte demanda por papéis de alta qualidade, o que tem comprimido os spreads. Para contrabalançar esse cenário, a BRAM está explorando oportunidades no mercado externo e em créditos estruturados, buscando alternativas que possam oferecer melhores retornos ajustados ao risco.
No mercado acionário, a preferência recai sobre setores ligados ao mercado interno, uma vez que a bolsa brasileira, apesar de historicamente barata, oferece potencial de valorização em setores específicos.
Um ponto de destaque na análise de Philipe foi a importância da inovação das pequenas empresas para o desenvolvimento econômico do país. Ele mencionou a Nova Brava, um braço de inovação do Bradesco voltado para o investimento em startups. No entanto, Philipe reconheceu que o atual ambiente econômico favorece mais as grandes empresas, criando barreiras que dificultam o crescimento e a sobrevivência das pequenas e médias empresas inovadoras.
O cenário econômico atual, tanto global quanto nacional, apresenta desafios e oportunidades. A Bradesco Asset Management, com sua estratégia tática e foco em curto prazo, está bem posicionada para explorar esse ambiente complexo. No entanto, a necessidade de um ajuste fiscal e o apoio à inovação são pontos importantes para garantir um crescimento econômico sustentável no Brasil. Philipe conclui que, apesar das incertezas, há razões para otimismo, desde que o país continue a buscar soluções inovadoras e sustentáveis para seus desafios econômicos.
O evento realizado faz parte de encontros exclusivos da comunidade do programa de alto impacto Finanças Estratégicas para C-Level e Conselheiros - FECC. Para saber mais sobre o curso, clique aqui.