A China é a maior exportadora do mundo. Em lista compartilhada pela Fazcomex, a China aparece em primeiro lugar, seguida pelos Estados Unidos e pela Alemanha. No evento exclusivo “Conexões Além das Fronteiras: Navegando no Varejo Brasil-China”, realizado na Saint Paul Escola de Negócios, Paola Sinato, Diretora Sênior Comercial do Grupo Carrefour, compartilhou suas experiências em suas dezoito visitas ao país, negociando e comprando de chineses. O evento também contou com a presença de Mila Securato, Ph.D, Sócia e Chief Revenue Officer da Saint Paul, e com questionamentos e insights de muitos participantes.
O evento começou com a apresentação de Paola, convidada a compartilhar sua trajetória profissional e sua vasta experiência em trabalhar com fornecedores na China, Índia, Europa e Estados Unidos. Em 2003, Paola ingressou no Walmart na área de Marketing. Após quatro anos, ela fez uma transição para a área Comercial de Não Alimentos. Naquela época, 70% dos produtos não alimentares vendidos pelo Walmart eram de origem nacional. No entanto, em apenas dois anos, esse percentual se inverteu: 70% dos produtos passaram a ser importados, principalmente da China, devido aos custos mais baixos.
Paola detalhou o processo de sourcing e negociação com fornecedores na China. O primeiro passo é participar de feiras na Europa e nos Estados Unidos para identificar tendências e novos produtos. As informações coletadas são então enviadas para a equipe de Global Sourcing na China, que aciona os fornecedores locais. Após uma auditoria inicial, Paola e sua equipe visitam os fornecedores na China para avaliar amostras e negociar custos. Ela ressaltou que os chineses são excelentes negociadores: “A China é culturalmente negociadora”. Os chineses estão sempre dispostos a fazer negócios e a adaptar produtos e preços conforme necessário.
Paola destacou a importância das auditorias de fornecedores para garantir práticas éticas e sustentáveis. Essas auditorias abrangem a cadeia de suprimentos, a capacidade de produção, as instalações e as condições de trabalho, muitas vezes realizadas sem aviso prévio. As auditorias são conduzidas por empresas terceirizadas e envolvem equipes internacionais para evitar conflitos de interesse. Paola enfatizou a responsabilidade das empresas em desenvolver uma economia ética e sustentável, garantindo que os produtos importados não estejam associados a práticas trabalhistas abusivas ou ilegais.
Paola compartilhou insights valiosos sobre as diferenças culturais e os desafios enfrentados ao negociar com fornecedores chineses. Ela mencionou a barreira linguística inicial e a importância de estabelecer confiança pessoal. Além disso, destacou a preferência dos chineses por negociar com homens, o que pode ser um desafio adicional para mulheres no mercado. Entre os desafios práticos de viajar para a China, Paola citou o fuso horário, os hábitos alimentares únicos e as dificuldades com banheiros e transporte. Ela enfatizou a necessidade de respeitar e se adaptar à cultura local para alcançar sucesso nas negociações.
A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo nos custos de frete e nos prazos de importação da China. Paola mencionou que os custos de frete marítimo aumentaram drasticamente, de US$ 1.700 para até US$ 15.000 por contêiner. Os lead times também se ampliaram, passando de 45 para 90-100 dias em alguns casos. Ela destacou a importância de monitorar os custos de frete, taxas e impostos ao negociar com fornecedores chineses, pois esses fatores afetam significativamente o custo final do produto.
Para aqueles que planejam viajar à China, Paola compartilhou várias dicas e recomendações práticas. Ela sugeriu levar um kit de remédios básicos, usar VPNs para se comunicar com a família e baixar o aplicativo WeChat para pagamentos. Estar preparado para experimentar pratos incomuns e respeitar os costumes locais também são essenciais. Paola recomendou visitar atrações turísticas como a Muralha da China, a Cidade Proibida e os bairros antigos de Xangai. Ela incentivou os participantes a aproveitarem a viagem para experimentar a culinária local e se familiarizar com a cultura chinesa.
A experiência de Paola oferece uma visão aprofundada e prática sobre o mundo do sourcing global, especialmente com fornecedores chineses. Seu relato ressalta a importância de adaptação cultural, negociações habilidosas e práticas comerciais éticas para o sucesso no mercado global. As lições aprendidas e compartilhadas por Paola são valiosas para qualquer profissional que busca navegar com sucesso no complexo cenário do comércio internacional.
O evento realizado faz parte de encontros exclusivos da comunidade de High Impact Programs da Saint Paul, que em outubro realizará um módulo na escola de negócios CKGSB, em Pequim e Xangai. Para saber mais sobre o programa, clique aqui.