Mais de 200 unicórnios, maior usuária de robôs industriais do mundo, líder no cenário de automação… Motivos não faltam para listarmos a China como uma potência mundial quando o assunto é tecnologia. O país asiático hoje está, junto aos Estados Unidos, em uma corrida incessante por avanços no terreno da Inteligência Artificial.
Mas o que faz da China uma potência no setor? Em evento na Saint Paul Escola de Negócios, exclusivo para a comunidade High Impact Programs (que em 2024 realiza, em parceria com a Cheung Kong Graduate School of Business (CKGSB) - primeira business school privada da China - o módulo Doing Business With a Changing China em Pequim e Xangai), o Reitor e Diretor Acadêmico e de Inteligência Artificial Adriano Mussa, Ph.D, destacou alguns pontos importantes. Mussa, que também é pós-doutor em IA pela Columbia University, destacou pontos como a geração incessante de dados, o perfil empreendedor e de profissionais do país e o momento atual do uso dessa tecnologia.
O país lidera a corrida pelos dados, alimentando-se de um impressionante contingente de 700 milhões de usuários de internet. O cenário torna-se ainda mais dinâmico com o florescimento de um ecossistema de startups robusto, especialmente na esfera "online-to-offline" (O2O). Essa abordagem promove a convergência do mundo digital com o físico, criando um terreno propício para a captura de dados em tempo real. À medida que a Internet das Coisas (IoT) se integra à lógica O2O, cada transação, movimento e interação se transformam em dados valiosos, alimentando algoritmos e impulsionando a evolução da Inteligência Artificial. Destaca-se também a presença onipresente dos Super Apps, que consolidam múltiplas funcionalidades em um único aplicativo e desempenham um papel crucial na ampliação da captura de dados não-isolados.
Filhos da Política do Filho Único (implantada na década de 1970 que proibia, a qualquer casal, ter mais de um filho), a geração atual de empreendedores é impulsionada pela necessidade de sucesso para sustentar suas famílias. Ao contrário da abordagem filosófica grega, que tradicionalmente se fundamenta na arte de questionar e explorar, a base filosófica chinesa abraça uma perspectiva única moldada pelos sábios do passado que estimula a imitação - que é considerado uma ferramenta valiosa para aprimorar habilidades e alcançar a excelência. Esta filosofia, quando somada a uma concorrência feroz, revela-se como uma força motriz para a inovação. Ou seja, na cultura chinesa, a imitação é vista não como um ato de cópia passiva, mas como um meio de absorver conhecimento e técnicas.
O plano estratégico delineado pelo governo chinês em 2017 desenha um horizonte ambicioso e propício para o desenvolvimento da IA. Uma tríade de apoio é delineada: começando pelo suporte político, que visa criar políticas e regulamentações favoráveis para incentivar a inovação e a implementação da IA. O suporte financeiro, por sua vez, sinaliza investimentos substanciais para impulsionar pesquisas, desenvolvimentos e a aplicação prática da tecnologia. Além disso, o desenvolvimento de talentos é colocado no epicentro dessa estratégia. As metas estabelecidas no plano governamental delineiam um cronograma claro, refletindo um compromisso genuíno em posicionar a China na vanguarda da revolução tecnológica.
A crescente proeminência dos profissionais especialistas em Inteligência Artificial na China não passa despercebida, com dois fatores que merecem atenção. O primeiro reside na contribuição para a produção e disseminação do conhecimento sobre o tema. Os chineses já representam 55% dos downloads de papers acadêmicos em revistas de referência, além de autores de 50% dos artigos com mais alta relevância. Além disso, seus artigos são citados em 40% das publicações mundiais atualmente. O segundo fator de destaque é o fato de que a Inteligência Artificial é open source, ou seja, sua natureza colaborativa é vantajosa ao ser aplicada na cultura desse país, que valoriza a inovação como um esforço coletivo.
A transição da era da descoberta para a era da aplicação na Inteligência Artificial representa implicações para os atores globais dessa corrida. Enquanto os Estados Unidos, juntamente com Inglaterra, Alemanha e Canadá, desfrutaram de uma posição privilegiada na fase inicial, a dinâmica competitiva permite à China emergir como uma potência na aplicação prática da IA, remodelando o cenário de competição.
Na era da descoberta, o destaque estava na pesquisa e exploração dos fundamentos teóricos da IA, onde os Estados Unidos e outros líderes tradicionais assumiram a dianteira. No entanto, à medida que a IA evolui para a fase de aplicação, a China surge como uma força ao absorver os conhecimentos adquiridos na era anterior e implementar e integrar eficazmente soluções de IA em diversos setores.
Se você é aluno ou alumni da comunidade High Impact Programs da Saint Paul, saiba mais sobre o programa Doing Business With a Changing China clicando aqui.