O século XIX é marcado como um período de grande revolução em termos tecnológicos. A popularização dos motores a combustão, das máquinas a vapor e da eletricidade foi, gradativamente, modificando a forma como os seres humanos se estabeleciam em sociedade, além do mercado de trabalho e estrutura social.
Para se ter ideia do tamanho da grandeza do século XIX para a história do mundo contemporâneo, veja uma pequena lista de descobertas e invenções ocorridas entre 1801 e 1901:
Esses são apenas alguns dos mais importantes eventos ocorridos durante o século. Apesar de serem as grandes beneficiadas com os avanços tecnológicos, não foram apenas as indústrias que saíram ganhando.
O século 19 é marcado também por uma explosão intelectual. Foi um período no qual filósofos, cientistas, artistas e pensadores analisaram o grande contexto de mudança social e econômica pelo qual o mundo inteiro passava. Não apenas pela perspectivas dos negócios, incluindo aqui as análises sobre a sociedade e os conceitos humanísticos.
Para se ter noção do que estamos falando, veja uma lista com algumas das principais discussões acadêmicas, artísticas e sociais do século XIX.
Sem dúvida alguma, o século XIX representa um dos momentos de maior sinergia de pensamento e produção intelectual, principalmente na França e na Inglaterra, as duas principais potências políticas, bélicas e intelectuais do período.
É neste contexto de mudanças intensas, descobertas e contestação que surgem as ciências sociais, tais como a sociologia, psicologia, pedagogia, antropologia, linguística e tantas outras. Diferente das artes e das humanidades, as ciências sociais possuem um background mais analítico, de observação e pesquisa para desenvolvimento teórico, e se desdobram em ciências exatas e humanas.
Fundamentais para aprofundar o conhecimento humano sobre os impactos de seu legado nas pessoas e no mundo, as ciências sociais se apresentam como protagonistas da transformação.
Com base em teorias como o Marxismo surgiram movimentos intensos, como a Revolução Russa, que alterou a realidade Monárquica e Aristocrática da Rússia e deu origem ao Império Soviético, diluído somente após a Guerra Fria, 74 anos depois.
Como se pode imaginar, o impacto do desenvolvimento intelectual possui diversos desdobramentos, e um dos mais importantes foi sobre as relações de trabalho. As ciências sociais foram fundamentais para direcionar a evolução do mercado de trabalho, remodelar relações e ressignificar a forma como a sociedade encara seu papel em meio à economia.
Neste post, vamos analisar um pouco mais sobre o impacto das ciências sociais sobre o direcionamento e evolução do mercado de trabalho. Vamos começar? Boa leitura!
O espírito da modernidade soprava sobre a Europa, e esses ventos trouxeram importância para a comunidade científica e suas descobertas. Com a segunda revolução industrial, a sociedade começou a passar por grandes transformações:
Conforme a economia dos países industrializados sofreu alterações, a sociedade se viu na necessidade de acompanhar os novos tempos. Diante deste cenário, muitos teóricos voltaram suas pesquisas para o impacto das mudanças sobre os homens e seu protagonismo dentro da engrenagem econômica do capitalismo.
A influência da ciência mudou a forma de enxergar o mundo, e o contexto da época - movido pelo cientificismo e busca pela modernidade - impulsionou o desenvolvimento das ciências sociais, focadas em analisar a vida social dos indivíduos e dos grupos.
O funcionamento, organização e desenvolvimento da sociedade é o foco. Contudo, essa temática é desdobrada em diversos aspectos, que incluem biologia, sanitarismo, economia, religião, geopolítica, direito e psicologia.
Até mesmo matérias antigas, como o Direito, foram impactadas fortemente pelo desenvolvimento do pensar filosófico sobre a sociedade.
E para ganhar notoriedade e respeito das correntes intelectuais e acadêmicas, as ciências sociais focam no estudo e observação social, investigando os fenômenos e pesquisando seus desdobramentos sobre a realidade das pessoas.
Este esforço para compreender o funcionamento da sociedade inclui, além da análise dos fenômenos sociais atuais, uma ampla perspectiva histórica e cultural sobre o desenvolvimento da sociedade e dos comportamentos humanos.
Os 3 pilares principais das ciências sociais são:
Até aqui abordamos o contexto que deu origem às ciências sociais e quais são os “combustíveis” que movem essas teorias. Agora é o momento de analisar como o desenvolvimento do pensar social se desdobrou sobre as relações de trabalho e a forma como as empresas e o mercado se estabelecem.
Primeiro, é necessário fazer um breve apanhado sobre a ressignificação do ser humano na sociedade. A evolução científica foi, gradativamente, dando protagonismo ao homem. Saem de cena as explicações religiosas, o homem se torna o centro de sua própria existência e o racionalismo vai ocupando o lugar do misticismo e da crença.
Com isso, desenvolve-se a ciência, acelera-se o processo de descobertas, invenções e melhorias. O pensar científico se torna algo mundialmente aceito e estimulado, em detrimento do conservadorismo ideológico. Com essa mudança de perspectiva, o mundo inicia um processo de transformação, que culmina em mudanças econômicas e no fortalecimento do capitalismo como forma econômica dominante.
A busca incessante pelo domínio das riquezas fez com que as diferenças sociais se tornem mais amplas. Mesmo não sendo uma novidade, a diferenciação classial ganha novos aspectos durante o século XIX. A classe operária se torna uma parcela imensa da população ao mesmo tempo em que a elite industrial se torna cada vez poderosa.
De um lado, há uma burguesia ávida pela lucratividade, dando as cartas sobre os postos de trabalho. De outro, encontrava-se um imenso contingente de pessoas que fomentavam a evolução do mundo, porém, de forma coadjuvante e, muitas vezes, desumana.
Toda a soberania dos detentores dos meios de produção começa a ser questionada conforme as tensões sociais foram se agravando. O estímulo único ao crescimento econômico expunha o desequilíbrio de forças e o paradoxo entre a produção e a concentração das riquezas.
É nesse contexto que surgem o Marxismo e o Anarquismo. O mundo passa a ter contato com teorias nas quais o trabalhador é posto como o grande fomentador da riqueza, abrindo os olhos para a importância da classe operária e para a necessidade de uma legislação trabalhista mais justa, menos exploratória e que fosse capaz de enxergar o peso da classe operária sobre a nova realidade do mundo industrial.
Ao mesmo tempo, os processos educacionais começam a passar por uma nova distribuição. A demanda por mão de obra qualificada para as fábricas inicia um processo de democratização do conhecimento.
Filhos de operários e pessoas incluídas nas parcelas mais carentes da sociedade começam a ter oportunidades de estudo, e, naturalmente, esse processo conduz à elevação da consciência social e questionamento sobre seu papel dentro de um grupo.
Ao somar o desenvolvimento das ciências sociais, a discussão sobre a luta de classes e o aumento da bagagem intelectual do proletariado, fica claro que as empresas e indústrias não passariam incólumes por este processo.
Surge a necessidade de olhar para as fábricas como ecossistemas complexos, verdadeiras representações microscópicas da sociedade atual, e isso impulsiona o desenvolvimento da administração empresarial como mais uma ciência social.
Diferente do que muitos acreditam, a administração de empresas é uma ciência que não surge com foco na melhoria dos resultados, mas sim no desenvolvimento do pensar amplo do gestor, que começa a se deparar com questões políticas, econômicas e sociais dentro das instituições.
Já no século 20, intensifica-se a educação voltada para o trabalho, e isso fez com que fosse necessário sistematizar conhecimentos relacionados à gestão de negócios. Contudo, a nova perspectiva social impulsiona o desenvolvimento do pensar administrativo para um enfoque humano, algo que antes não era uma prioridade.
Em 1917, com a revolução do proletariado Russo, fica claro aos países industrializados a necessidade de abordar as questões sociais, a fim de evitar um grande conflito de classes, que poderia culminar em mudanças políticas radicais, como as promovidas por Lenin frente ao Czarismo.
Neste ponto, fica mais claro a conexão entre o desenvolvimento das ciências sociais e as transformações no mercado de trabalho. Conforme a comunidade científica passa a analisar a sociedade e os homens, evidenciam-se as disparidades, padrões são questionados e surge então os motivos para que o trabalhador se torne o foco do mercado.
Isso acaba com a ideia de que é mais importante possuir os meios de produção do que braços para produzir.
Gradativamente, as relações de trabalho ganham novos enfoques, é iniciado um processo de qualificação da mão de obra e das capacidades gerenciais. Isso culmina no desenvolvimento da Administração de Empresas como ciência social e no surgimento das instituições de ensino focadas na gestão de empresas, como Universidades e Escolas de Negócio.
Uma gestão de enfoque moderno surge, não apenas para lidar com as questões humanas, mas também para gerenciar outros aspectos da modernidade, como as mudanças logísticas, nos conceitos de mercado, comércio exterior e globalização.
Neste contexto, surgem alguns destaques, tais como:
As mudanças vividas pelo mercado e a evolução do pensamento humano e na forma como estruturamos nossa sociedade foram fundamentais para alterar as relações de trabalho.
Agora se passa a discutir o protagonismo das empresas na vida dos colaboradores, na qualidade dos serviços prestados e na capacidade de estruturar uma sociedade melhor e mais focada no bem-estar de todos.