Em outras oportunidades, aqui no blog, já discutimos os impactos da revolução industrial sobre as sociedades e como o movimento de industrialização e abertura mundial dos mercados promoveu o crescimento e democratização da educação.
As mudanças trazidas pelo aporte educacional mais intenso refletiram na postura das pessoas frente à sociedade. Mais conhecimento significa mais capacidade para questionar, pensar e, principalmente, absorver informações.
Com a melhoria dos níveis educacionais em todo o mundo e a reconfiguração do acesso ao conhecimento, começam a surgir os movimentos de luta social e de contestação do sistemas, como os Panteras Negras, a revolução de maio de 1968 na Europa e o movimento feminista.
Esses e tantos outros movimentos surgiram devido ao engajamento das pessoas em assuntos que passaram a ser debatidos com maior amplitude conforme as pessoas passaram a ter o conhecimento como um de seus bens mais valiosos.
É no meio desse contexto de ampliação do cognitivo popular que surge o conceito de sociedade da informação, uma expressão utilizada para se referir ao contexto social que vivemos, não agora, mas desde o início do século XX.
Já naquela época, as telecomunicações e os meios de produção informativa passaram a ser consumidos com mais frequência não só pela elite intelectual e econômica, mas por todos os demais integrantes da sociedade, ampliando ainda mais a gama de conhecimento e de assuntos das pessoas.
A sociedade da informação não se encaixa apenas para explicar fatos políticos ou históricos (tais como os movimentos citados acima). Ela também auxilia na compreensão de como a tecnologia, que é um dos grandes protagonistas da difusão informacional, impacta nas formas de absorção de conhecimento e aprendizado.
Resumindo: a sociedade da informação chegou e não vai se extinguir tão cedo. Cabe ao mercado e às instituições de ensino analisar as formas de “sair ganhando” nesse contexto. É aqui que entra a tecnologia e seu papel de facilitadora na captação de novos conhecimentos e na construção de novas formas de aprender.
No texto de hoje, vamos abordar os seguintes temas:
O desenvolvimento de novos dispositivos tecnológicos sempre teve como principal missão transformar algo complexo em uma ação mais simples e rápida. Os computadores são os maiores exemplos dessa lógica.
Ainda na década de 60, quando um computador com a potência de um pen drive demandava o espaço de uma sala inteira, já se discutia como a informática seria capaz de impactar o aprendizado. O filósofo e matemático norte-americano Patrick Suppes foi um dos pioneiros nessa discussão.
Seus argumentos eram simples:
A teoria de Patrick Suppes deu início ao Computer Assisted Instruction (CAI), uma técnica de self-learning que envolve interação do estudante com materiais programados e inseridos dentro da máquina.
O sistema CAI usa a combinação de diversos conteúdos multimídia para otimizar o processo de aprendizagem, dando embasamento para um estudo direcionado para as necessidades principais de cada aluno.
Outro expoente dessa época foi o Programmed Logic for Automatic Teaching Operations (PLATO). O sistema foi desenvolvido na Universidade de Illinois e servia como um misto de ambiente de aprendizagem e rede de telecomunicações para ambientes de ensino.
Vale ressaltar que o PLATO foi concebido em uma era pré-internet, mas já continha recursos que depois fizeram sucesso, tais como:
Outras iniciativas surgiram após o PLATO, dentre eles o Sistema IBM 1500, um dos precursores para o desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem. Muitos anos depois, esses ambientes culminariam em ideias como o desenvolvimento da Educação a Distância.
A partir da década de 1970, empresas de tecnologia (principalmente a IBM) e Universidades se esforçaram para desenvolver plataformas de ensino computadorizadas, tendo como base os aprendizados colhidos com iniciativas como o PLATO.
Quando pensamos em tecnologia, não podemos excluir a televisão, ainda mais na década de 60, quando ela era o principal meio de informações e entretenimento ao alcance das pessoas.
No ano de 1967, foi criada a primeira iniciativa de ensino à distância por meios eletrônicos. A International Television Network (SITN) permitia que funcionários de empresas assistissem à aulas lecionadas por Universidades. A IBM e a HP foram duas das corporações que acreditaram no projeto e investiram em seu futuro.
A SITN foi uma iniciativa para que funcionários cursassem uma espécie de pós-graduação à distância, sem grandes abalos para seus horários e carreiras. A iniciativa foi um sucesso.
Aqui no Brasil, a iniciativa televisiva mais famosa foi o Telecurso, lançado em meados dos anos 80. Ao contrário da iniciativa norte-americana, o Telecurso não mirava a pós-graduação, mas sim a capacitação profissional de pessoas que sequer finalizaram o ensino médio.
Em 1995, em uma parceria da FIESP com a Fundação Roberto Marinho, surgiu o Telecurso 2000, com roupagem mais técnica e profissionalizante. O programa durou entre a década de 1980 até 2014, quando parou de ser exibido na TV e migrou todo o conteúdo para um portal multimídia.
A Programação Neurolinguística tangencia a comunicação, a psicologia e o desenvolvimento pessoal. Ela foi desenvolvida a partir de estudos realizados na Universidade da Califórnia na década de 1980. Os autores Richard Bandler e John Grider tinham como objetivo compreender como as pessoas agem, pensam e se comunicam.
Com base na PNL, gestores e professores, por exemplo, eram estimulados a utilizar melhor o cérebro para atingir os resultados que gostariam de obter de seus colaboradores ou alunos. As raízes da teoria atestam que há conexão entre os processos neurológicos, nossa linguagem e os padrões de comportamento que são aprendidas através de nossas experiências de vida.
Segundo os autores, é possível alterar esses processos para alcançar informações específicas (absorver conhecimentos), modelar habilidades e atingir metas de vida. As técnicas de PNL são recursos comuns em palestras sobre vendas, motivação, trabalho em grupo e também em processos de coaching.
Não é de se espantar que as crianças não sejam o único foco educacional de nossa sociedade. A educação voltada para adultos não é nenhuma novidade (como você pode conferir em outros posts do nosso blog), contudo, a Andragogia é algo bem menos conhecido do que a Pedagogia.
A Andragogia foi desenvolvida durante a década de 70. Foi durante a terceira convenção da Unesco sobre Educação de Adultos que ela se apresentou como um processo permanente de educação para o público adulto.
Foi na corrente desses debates que surge também o conceito de lifelong learning. O modelo visa a busca de constante desenvolvimento individual, buscando superar obstáculos que impedem a autorrealização.
A Andragogia visa preparar os adultos, principalmente os jovens, para responder de maneira positiva às exigências da vida, que são alvos de constante mudanças, dado a velocidade de transformação do mundo. A evolução da sociedade e sua modernização perene exigem dos homens um desenvolvimento que acompanha durante toda a vida.
Vale ressaltar que a Andragogia também visa substituir o atual modelo educacional, cuja maior meta é o combate ao anafalbetismo. No sistema proposto pela teoria, a educação é mais complexa. Ela seria inserida num sistema que aperfeiçoa os conhecimentos formativos, culturais, sociais e laborais durante toda as etapas da educação das pessoas.
O Brasil não fugiu da regra e acompanhou a maioria das mudanças ocorridas ao redor do planeta. O contexto de desenvolvimento da sociedade da informação segue a mesma progressão, tendo como grandes marcos a democratização dos meios de comunicação em massa: rádio, televisão e, posteriormente, a internet.
Atualmente, o Brasil é o 4º país com maior número de usuários ativos na internet, inclusive sendo um dos povos que passa mais tempo conectado. Esse contexto de alta conexão dá embasamento amplo para a continuidade da sociedade da informação.
Retomando o desenvolvimento da educação neste contexto, vamos voltar para 1961. Nesse ano, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Após a formulação da educação no país, começam a surgir iniciativas de ensino e treinamento para adultos.
Um dos pioneiros foi o professor Pierre Weil, na UFMG. Ele uniu técnicas de treinamento em relações humanas em um programa de treinamento para líderes empresariais e gestores. O professor realizou métodos conhecidos, como laboratórios de sensibilidade, e combinou processos semelhantes à socioanálise para desenvolver os primeiros passos de seu estudo.
Pesquisas na mesma direção que as executadas por Pierre Weil foram desenvolvidas em outras universidades brasileiras, no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia.
Em termos de educação, o Brasil também se destaca pelos estudos de Paulo Freire, considerado um dos educadores mais importantes do país. Os estudos de Freire, apesar de polêmicos em certos assuntos, foram fundamentais para otimizar a educação oferecida para jovens e adultos.
No contexto da sociedade da informação, o que se observa é um grande fluxo de experimentações e troca de informações entre pesquisadores e entidades de ensino. Este contexto - que, gradativamente, aumenta seu uso de novas tecnologias - gera um ecossistema no qual a proliferação de conceitos e produtos com foco na educação seja acelerada.
Diante de uma educação democratizada e com informações velozes, nada mais natural que ciência e pesquisas entrarem no mesmo ritmo. O desenvolvimento da educação acompanhou e soube anexar os adendos da tecnologia em seus processos, facilitando o acesso das pessoas ao conhecimento.