Se você conversa sobre Inteligência Artificial com sua rede de contatos, provavelmente já passou por esta situação: para um, tal tecnologia é algo pertencente a um futuro longínquo - enquanto, para o outro, a IA já é coisa do passado. Confuso, não é? A verdade é que, apesar de não parecer, essas duas pessoas estão falando de assuntos diferentes.
Existem quatro ondas da Inteligência Artificial - algumas que já vieram e outras que ainda estão por vir. Compreender as diferentes características de cada uma delas é essencial para entendermos os seus impactos na economia e sociedade. Principalmente porque, de acordo com dados da Mckinsey & Company, a IA gerará 13 trilhões de dólares para a economia mundial até 2030.
Em aula exclusiva para alunos LIT, o Prof. Dr. Adriano Mussa, nosso Diretor Acadêmico e de Inteligência Artificial e autor do livro Inteligência Artificial - Mitos e verdades; As reais oportunidades de criação de valor nos negócios e os impactos no futuro do trabalho, explicou como cada uma das ondas da IA podem ser definidas.
Acredite ou não, mas a primeira onda da IA começou lá em 1998, nos Estados Unidos, se espalhando pelo mundo nos anos seguintes. Ela se caracteriza pela aplicação do deep learning em dados dos usuários da internet. Ou seja, o sistema conseguia interpretar e gerar insights a partir de uma grande quantidade de informações. É assim que empresas como Amazon e Google funcionam, já que chegaram a um nível em que entendem tão bem cada cliente a ponto de saber o que e quando indicar um produto, gerando mais vendas.
Essa é a Inteligência Artificial considerada "antiga" por algumas pessoas pelo fato de que já convivemos com ela há algum tempo. "Hoje esse modelo é muito maduro nos EUA e China. No Brasil ainda há muitas oportunidades de usar IA da internet", complementou o professor.
A IA dos Negócios começou por volta de 2004. Neste caso, também há uso do deep learning, só que dessa vez ele é aplicado aos dados de uma empresa. Além de poder ter insights difíceis de enxergar a olho nu, a máquina também aprende a realizar tarefas como, por exemplo, avaliação de crédito, identificação de fraude e até diagnósticos de exames médicos. Dessa forma, quando pensamos na IA dos Negócios, estamos falando muitas vezes da democratização sem precedentes de determinados serviços.
Para utilizar esse tipo de tecnologia nos negócios não é necessário ter uma empresa grande, apenas uma boa base de dados. "Surgem oportunidades totalmente novas em setores que já foram digitalizados", destaca Mussa.
Esta forma de IA é menos madura, mas já está sendo utilizada em alguns lugares. Até o momento a tecnologia é capaz de ler dados gerados pelas pessoas apenas enquanto estão usando um computador ou outro equipamento. Mas e se a IA pudesse ler e interpretar ações e emoções no offline? A ideia da IA Perceptiva é dar olhos e ouvidos à máquina. Para isso, são usados sensores utilizando Internet das Coisas, ou seja, objetos que se conectam em rede gerando dados.
Um exemplo disso é a loja Amazon Go, na qual não é necessário passar no caixa para fazer o pagamento. As câmeras conseguem ler quando você pega um produto ou não, e o creditam na sua conta. Além disso, ela também gera dados sobre as suas reações diante de um produto para que possa melhorá-lo e, assim, gerar mais vendas.
Talvez você esteja se perguntando: não seria invasão de privacidade gerar dados sobre as pessoas quando elas estão offline? O professor Mussa conta que existem diversas discussões sobre o assunto, mas é necessário colocá-las em pauta rapidamente, já que a tecnologia avança sem esperar.
Se na terceira onda demos olhos e ouvidos à máquina, na quarta damos braços e pernas. "Essa onda é a última a chegar, mas é a que vai mudar a nossa vida mais profundamente", explicou Mussa. A ideia é tornar os robôs autônomos, ou seja, capazes de tomar boas decisões.
Apesar do algoritmo já estar pronto, o hardware que daria precisão aos movimentos da máquina ainda está em aperfeiçoamento. Também são necessários diversos testes para que o sistema aprenda como se comportar. É o caso dos carros autônomos, que ainda estão em treinamento para gerar os dados necessários e aprender como dirigir evitando acidentes.
Assim como na terceira onda, diversas questões éticas terão de ser discutidas e governos terão que criar leis para regulamentar o uso da tecnologia.
Já sabemos que a Inteligência Artificial é inevitável, portanto é necessário aprender sobre cada uma das ondas que citamos acima e se preparar considerando o que irá mudar em nossas vidas e profissões.
No LIT, temos alguns cursos que podem te ajudar nessa caminhada, confira:
Inteligência Artificial – LIT Talks by IBM
Ciência de Dados – LIT Talks by IBM