*Por Anders Drejer & Christer Windeloew-Lidzélius, professores convidados pela Saint Paul Escola de Negócios para ministrar os programas de liderança em meio ao caos no Brasil
Ganhador do prêmio Nobel, o cantor e compositor Bob Dylan, uma vez escreveu: “Aquele que não está ocupado nascendo, está ocupado morrendo”. No mundo dos negócios, a frase é válida. Por isso, te perguntamos: a sua organização está ocupada nascendo ou ocupada morrendo?
Podemos dizer que o mantra da nova década, tanto entre líderes quanto nas instituições, é que as organizações precisam ser mais inovadoras e pensar pró-ativamente em sua gestão estratégica. Com isso, vimos conhecidos trabalhos em gestão de inovação e gestão de tecnologia serem respeitavelmente recém-descobertos — ou talvez redescobertos — o que começou a influenciar a maneira como pensamos em gestão como uma disciplina.
Tem algo podre na Dinamarca?
Fazendo uma análise à Dinamarca, nosso país natal, vemos uma economia pequena, aberta e internacional que com certeza tem suas vantagens para um país com recursos naturais escassos. Entretanto, a Dinamarca viveu melhor como uma nação comercial do que como uma sociedade agrícola (embora baseada na exportação de produtos do primeiro e do segundo setor). Na então chamada “Sociedade Industrial”, a Dinamarca conseguiu se estabelecer com um nicho lucrativo baseado em vender e exportar um número relativamente pequeno de produtos e serviços que eram líderes globais apesar (ou talvez até mesmo por isso) o pequeno tamanho da Dinamarca, enquanto importava outros produtos e serviços importantes.
Um dos grandes responsáveis desse sucesso foi a colaboração entre a indústria e a ciência, como por exemplo a exportação de carne de porco da Dinamarca, que é baseada em um programa extremamente único de genética feito colaborativamente entre organizações que representam os produtores primários de porcos, o governo e universidades dinamarquesas. Os gigantes da área médica como Novo Nordisk (baseado em insulina para pacientes com diabetes diabetes patients), Novozymes ou Coloplast (baseadas em produtos de ostomia) e também a Carlsberg (com seu clássico slogan: provavelmente a melhor cerveja no mundo), todos se beneficiaram tremendamente dos laços criados entre as universidades e o Estado.
Outros exemplos neste contexto são os antecessores do atual smartphone: o celular baseado em tecnologia GSM, e a turbina de vento. No primeiro caso, vimos o software que permitia a criação da indústria global de celulares ser programado e inventado inventado na Dinamarca , o que gerou um gigante interesse no cluster de empresas ao redor da Aalborg University dedicadas à indústria emergente de telefonia celular, eventualmente as competências para produção em massa eludiram da Dinamarca, se desenvolvendo na Finlândia, Alemanha e no Extremo Oriente, onde as altas cifras foram produzidas ao passo que a indústria ia amadurecendo.Note que,te, nesses lugares, enquanto a indústria perdia seu “caráter inovador” era rompida pelos smartphones, uma “nova indústria”.
Já no segundo caso, das turbinas de vento, o atual hype em torno da indústria da energia eólica, nos faz esquecer do trajeto percorrido para chegar nesse ponto, com uma quantidade massiva de pesquisa e desenvolvimento patrocinada pelo Estado. No início dos anos 1990, um braço de ferro de pesquisa e desenvolvimento foi cravado entre os EUA e a pequena Dinamarca em relação ao desenvolvimento das turbinas de vento. Ao final dos anos 1990, sete das dez maiores produtoras de turbinas de vento eram dinamarquesas, enquanto as outras três eram americanas. E isso apesar do fato de que os EUA financiaram pesquisas de turbinas de vento com 500.000 homens/ano, enquanto a Dinamarca financiou “apenas” 100.000 homens/ano. Entretanto, com relação à capacidade de produção em massa, a Dinamarca ganhou e, então, as grandes cifras ainda estão alocadas na Dinamarca e ao redor dela — pelo menos por enquanto, já que a China e outros estão tentando alcançar esse posto — enquanto os EUA, em termos de turbinas de vento, é um terreno baldio infértil.
E como a Dinamarca ganhou, apesar de uma quantidade incrivelmente menor de recursos de P&D? A resposta, tristemente, não é que os pesquisadores eram mais inteligentes. Ao contrário, o Professor Peterr Karnoe da CBS demonstrou que o sucesso inicial foi o resultado de uma colaboração melhor entre universidades e indústria, resultando em uma sucessão de pequenas melhorias e um design comprovado de turbinas, o que eventualmente superou a performance da abordagem de “Grande Ciência” dos norte-americanos. O resto, como eles dizem, está longe do trivial.
Por fim, percebemos que a competição não é apenas uma questão de criar e guardar com segurança com atraente posição competitiva. Em 1905, a idade média de uma organização comercial era de 70 anos. Um século depois, a média caiu para meros 20 anos. E por mais que não se possa culpar a internet para tudo, esse declínio na expectativa de vida certamente nos leva à uma reflexão: e se os nossos negócios hoje em dia são baseados em modelos de negócios não sustentáveis? Parece um perigo real que negócios bem-sucedidos sejam efêmeros, por exemplo, eles criam algo de valor e assim que esse valor se exaurir, eles podem desaparecer. E então? O quão perto da extinção está a sua organização?