Desde a pré-história, ficou claro que nada seria conseguido sem esforços. Para saciar a fome, era preciso caçar. Para cuidar da saúde, coletar ervas. Para qualquer outra demanda do dia a dia, o segredo era apenas um: faça você mesmo.
Conforme evoluímos, passamos a nos organizar em sociedade, dividir tarefas e atribuir líderes para controlar o andamento de tudo. Surgiam, ainda no período pré-histórico, as primeiras relações de trabalho, mesmo que sem envolver trocas financeiras ou qualquer tipo de noção sobre os conceitos de trabalho como atividade profissional.
A cada novo passo rumo à construção da civilização que conhecemos hoje, foram feitas novas descobertas, adaptadas para nossa rotina e para o trabalho.
Aos poucos, principalmente após a revolução industrial, a educação - restrita e escassa entre a grande maioria - passa a se democratizar, muito pela necessidade de mão de obra qualificada, dando origem à necessidade de educação para o trabalho.
Ao longo do material, veremos que a educação profissional também sofreu diversas mudanças até chegar ao patamar apresentado hoje.
Definir quando se inicia a educação para o trabalho é uma tarefa complexa. Alguns historiadores consideram as antigas mentorias gregas como uma forma de educação profissional. Contudo, a teoria ocidental mais utilizada passa a contar a educação com foco no desenvolvimento profissional a partir das universidades, no século XI, na Europa.
As transformações socioeconômicas ocorridas no continente europeu impulsionaram o surgimento das primeiras escolas profissionais. O fortalecimento da nobreza, da elite comerciária e da Igreja foram fundamentais para dar início à construção das universidades, surgidas com o intuito de preservar e ampliar o conhecimento das elites.
Dando um salto, vamos focar na Inglaterra, no período da ascensão industrial, no século XVIII. A nação se desenvolveu bastante desde a idade média e encontrou na primeira revolução industrial um de seus apogeus de domínio mundial.
As forças comercial, política e bélica da Inglaterra fizeram dela uma potência intelectual, desenvolvendo inovações e criando espaços para que as pessoas pudessem aprender o manejo das novas ferramentas. Ou seja, surgia ali a inovação focada na produtividade e o aprimoramento intelectual com foco no trabalho.
Pode-se dizer que a evolução social e das tecnologias foi fundamental para fomentar o crescimento da educação profissional. Conforme novas teorias e técnicas apareceram, os seres humanos precisaram se adaptar. Isso aconteceu em diversas áreas, desde as mais operacionais até as mais estratégicas.
Nesse contexto surgem as escolas de negócios, que pegam carona no desenvolvimento do capitalismo para justificar os anseios pela produtividade e eficiência.
A primeira escola de negócios surge na Alemanha em 1730. Sua criação é acompanhada por tantas outras, que se fortalecem por toda Europa ao longo dos séculos 18 e 19. Contudo, sua dinâmica era formação de pessoas para o trabalho, não o aprimoramento de profissionais já com certa bagagem.
A primeira escola de negócios que se aproxima do que existe hoje em dia foi a ESCP, de Paris, criada em 1819. Ela foi a primeira a propor um modelo com diversos campi, estando presente na capital francesa e também em Londres, Berlim, Madri e Turim.
Em terras brasileiras, a educação de colaboradores foi mais lenta, muito pelo fato de que o país demorou a se industrializar devido às proibições feitas pela Coroa Portuguesa. O colonialismo fez com que o trabalho e os ensinamentos técnicos chegassem primeiro aos mais pobres, por meio das mãos dos jesuítas.
A primeira universidade brasileira foi a escola de medicina da Bahia, criada por decreto de D.João XI em 1808. Um dos primeiros colégios técnicos é o Colégio das Fábricas, de 1809.
Com a grande influência europeia, algo intensificado com a vinda da corte para o Brasil, a elite brasileira passa a dar valor à educação e inicia-se uma intensificação no fomento da educação profissional no país.
Somente em 1889 surge o primeiro decreto real para criação de escolas técnicas em solo brasileiro. A partir do Brasil-República, data que também marca o aumento da industrialização no país, começam a surgir mais iniciativas governamentais para criação de Institutos Profissionalizantes, Escolas Técnicas e Universidades.
Depois de acompanhar a evolução da educação para o trabalho, vamos falar agora sobre as principais tendências do mercado. Não vamos nos ater a fatos meramente técnicos, como educação à distância, mas sim a perspectivas que estão se fortalecendo dentro do universo do aprendizado profissional. Confira!
A segmentação dos conhecimentos se prova um dos grandes desafios para os profissionais. Por exemplo, criamos gestores de processo excelentes, mas que encontram grandes dificuldades em gerir pessoas, ou especialistas com forte base de conhecimento mercadológico, mas fraca no conhecimento social.
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Esse tipo de deficiência tem sido um grande gargalo para empresas e profissionais. Por isso, percebe-se um grande movimento de escolas de negócios para fomentar conhecimentos de forma holística, alinhando não apenas os conceitos que são o “core business”.
Esses lugares dão atenção também para conhecimentos adjacentes e que complementam a capacidade do profissional. Isso faz com que ele compreenda sua atuação e o impacto dela em todo o negócio.
O modelo de conhecimento individual está dando lugar ao saber coletivo, no qual profissionais prezam pelo compartilhamento de informações, pela junção de esforços e mentes em prol do aprimoramento.
Esse tipo de filosofia se torna mais presente em escolas de negócios nas quais alunos trabalham em empresas concorrentes.
Deixa-se de lado as adversidades do mercado de trabalho para dar ênfase na melhoria profissional e no enriquecimento dos conhecimentos dentro de sala de aula. Lá, alunos e professores trocam experiências e dão origem a uma bagagem coletiva de saberes.
Esse tipo de filosofia também se aplica internamente, quando empresas investem na educação de seus colaboradores, a união de diversos indivíduos e experiências contribui para surgir uma rede de aprendizado mais consistente.
Não poderíamos deixar de mencionar a expansão da sala de aula e a transformação da rede mundial de computadores em uma grande plataforma de aprendizado.
O profissional que pretende aprimorar seus conhecimentos não pode deixar de lado as benesses da internet e a possibilidade de obter conhecimento em fontes nacionais e internacionais. Este conceito também vale para a troca de experiências profissionais, abrindo um novo leque de perspectivas.
Empresas e instituições de ensino estão apostando cada vez mais na educação continuada, ou seja, algo como uma formação sem fim. Não se trata de um curso em que o aluno nunca obtém um certificado, mas sim uma filosofia de educação para o trabalho no qual presume-se que sempre é necessário manter o aprimoramento.
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Algumas empresas acreditam nesse modelo e delegam às escolas de negócios a formação de seus executivos, gestores e gerentes para que estejam sempre em evolução e se capacitando para subir na hierarquia corporativa.
Quando o Big Data ou a Inteligência Artificial começaram a surgir como uma tendência, algumas empresas e instituições de ensino correram atrás dos especialistas na área para apresentar esses conceitos aos colaboradores e alunos, mesmo sabendo que muita coisa ainda estaria por vir.
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Trata-se de um exercício de futurabilidade, ou seja, tentar compreender o contexto e analisar quais tipos de demandas surgirão no mercado conforme novas tecnologias e conceitos profissionais se solidificam no mercado.
Existem diversas razões para justificar os investimentos em educação profissional, sendo a principal delas aquele motivo pelo qual todo movimento educacional com foco no trabalho surgiu: otimizar os conhecimentos para potencializar a produção.
Empresas com colaboradores capacitados tornam-se mais efetivas e competitivas, sendo capazes de ganhar destaque no mercado de trabalho e sobressair perante os resultados da concorrência.
Por meio da educação, uma organização pode fomentar outras melhorias, como:
Todos esses aspectos são importantes para a construção de uma empresa forte, não apenas na capacidade intelectual de seus colaboradores, mas também pela habilidade de construir um ambiente de trabalho progressista, voltado para a inovação e pronto para encarar os desafios do mercado.
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E por falar nos desafios, não podemos deixar de falar sobre os benefícios de manter os colaboradores antenados com novas técnicas e estratégias. A atualização com novos conteúdos desperta o interesse sobre a movimentação de tendências, e faz com que o aprendizado de novas técnicas também seja facilitado.
Por fim, vamos falar sobre o olhar crítico. Profissionais mais capacitados aprendem a detectar problemas em suas empresas. Em aula, os alunos podem ser provocados a comentar, analisar, discutir com os colegas e propor soluções para dores reais de sua rotina e da empresa.
Esse fator é importantíssimo para o crescimento do profissional e de sua produtividade, principalmente quando ocupa cargos estratégicos que permitem que os conhecimentos absorvidos sejam aplicados a uma equipe ou grupo de colaboradores.
Existem benefícios em diversas dimensões para a esfera corporativa, basta a empresa compreender suas necessidades e buscar instituições capacitadas para trabalhar com seus profissionais. Para aqueles que buscam aprimoramento para a carreira por conta própria, as regras são as mesmas:
Os ganhos da educação para o trabalho são amplos e aplicáveis para todas as carreiras. É fundamental buscar atualização para sempre manter-se competitivo no mercado ou auxiliar no crescimento da sua carreira e dos resultados colhidos pela empresa.